sexta-feira, 14 de novembro de 2008

DCE da UFSC

Eis que chegam as boas novas...

Faz tempo que essa gente sai dos trilhos, herege, rebelde. Questionam métodos, estudam, comparam, exigem, inventam, propõem. São encontradas a discutir pelos corredores, nas conferências, nas salas de estudo, no CA, e muito pouco no bar. Tá, vão no bar, mas o espaço privilegiado é o do debate. Tem as caras sérias, mas muito bom humor. Acreditam nos sonhos, enfrentam com valentia as derrotas e são generosos na vitória.

São garotos e garotas que planejaram com rigor e disciplina uma nova hora histórica. No meio da mesmice ufscquiana, no marasmo viciado dos discursos vazios, eles e elas decidiram anunciar uma boa nova, coisa simples, boa nova... Não são apolíticos muito menos neutros ou “de direita”. Tampouco são os “do Nildo”, como alguns maldosos insistem em chamar. Essa gurizada jamais teve a cabeça tutelada. Ao contrário, essa gente pratica o pensamento próprio, crítico, e está preparada para a invenção do um outro modo de caminhar na vida universitária, de um outro jeito de fazer política. De nenhuma maneira rejeitam a política, mas a querem grande.

Agora aí está o desafio de um novo DCE. Um espaço de luta baseado no estudo, no rigor, na disciplina, na alegria, na responsabilidade, no compromisso, na batalha cotidiana. Difícil tarefa a de re-inventar. É, porque não há que se inventar a roda. O que se precisa é de direção, gente capaz de semear o desejo de mudança. Gente que possa dar conta do prosaico das necessidades estudantis, mas que seja também hábil para ultrapassar a barreira dos muros internos. Gente que tenha condição de abalar as estruturas do já dado, de destruir, mas também de criar...

Exige-se um novo movimento estudantil. Aguarda-se, espera-se, sonha-se... Tudo está por se refazer. Essa gurizada de preto e laranja me enche de ternura, porque vejo nas suas carinhas repletas de desejos, a vontade de fazer aquilo que já dizia o velho Simón Rodrígues: inventar ou se perder. Eu vejo boas novas no horizonte.. boas novas... Um ar perfumado, meio aragem, meio tormenta. Mudança!!!! Enfim...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

“Há uma bomba não desarmada”


Entrevista com o presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA), economista Nildo Ouriques, que faz uma breve análise da crise e sua repercussão no Brasil.

P. A crise tão propalada nas últimas semanas já se esgotou?
N. Tem um problema central nesta crise que não foi resolvido. É um fato de que envolve aproximadamente 400 empresas. Elas podem se beneficiar, utilizando uma liberalidade do Banco Central, constituída na época de Gustavo Franco e perpetuada com Henrique Meirelles, que permitiu ao capital produtivo exportador vantagens indevidas e absurdas com a especulação do cambio. Ou seja, estas empresas podem vender lá fora e ficar com estes recursos sem internalizá-los durante um ano. Isso permite às empresas exportadoras, junto com o sistema bancário especular com a moeda nacional. Foram justamente mecanismos desta natureza e os chamados derivativos brasileiros que produziram esse rombo considerável, hoje seguramente superior a 60 bilhões de dólares, envolvendo a saúde financeira de mais de 400 empresas brasileiras que não encontram apoio no BNDS, escasso recurso no sistema bancário e que observam os 170 bilhões de reservas brasileiras como a única saída possível. Isso significa que há um acordo entre banqueiros e empresários com despesas financeiras extraordinárias não previstas, ultra-interessados num ataque especulativo contra a moeda nacional. É essa bomba que não foi desarmada no Brasil.

E é a sorte deste setor que vai determinar os rumos da política econômica e a capacidade do governo em manejar a crise. Este é o aspecto fundamental. Portanto, os 170 bilhões de reservas que o governo brasileiro afirma que são suficientes para estabilizar a moeda, a história financeira da América Latina e do Brasil mostra que eles podem desaparecer em questão de uma semana, se um ataque especulativo se configurar. Esse é um problema seríssimo que vai exigir um cuidado muito grande do Banco Central, um monitoramento muito grande do setor produtivo que até hoje não foi feito, ao contrário. Esse é problema número um. Os 170 bilhões, mais 30 bilhões do Fundo Monetário Internacional, mais 30 bilhões da Reserva Federal são, a meu juízo, incapazes de parar a voracidade do capital quando o patrimônio está em risco. E, sobretudo, a incapacidade do governo de fazer com que o empresário e o banqueiro tenha confiança na moeda na medida em que ele não possa se resguardar em dólares, esse é o segredo de uma moeda nacional forte.

O segundo problema é que o endividamento interno brasileiro que já era muito preocupante no passado e alcançou a cifra de um trilhão e 400 bilhões de reais segue cobrando seu preço, razão pela qual há já um consenso na grande mídia, no setor empresarial, no setor bancários de que as garantias para honrar os leilões da dívida interna devem necessariamente ser originados a partir de superávits fiscais ainda mais expressivos do que aquele que nós temos desde 1994. Isso significa que o governo está sendo forçado e, talvez, de bom grado atue nessa direção, a cortar investimentos na saúde, na educação, na segurança, na cultura, na ciência e tecnologia, impedindo o reajuste dos funcionários públicos, fazendo o corte de gasto corrente tradicional. E, naturalmente, limitando a capacidade de investimento do governo, o que seria fundamental numa estratégia de tipo keynesiano, o que se pode prever um futuro muito ameaçado no Brasil.

O terceiro elemento é que parece que essa crise muito profunda não ensinou o governo, que continua com amnésia criada em 1994 com o Plano Real, que de herança maldita passou a ser a jóia da coroa, razão pela qual o governo aplica a mesma política preconizada pelo FMI, com uma disciplina jamais vista. E não obstante o grande abalo das idéias produzidas por esta catástrofe mundial, os principais órgãos de comunicação e os interesses consolidados no Brasil parece que não aprenderam a lição e não estão dispostos a recuar um milímetro nas convicções que os tornaram mais poderosos, mais ricos, e tornaram o governo cativo destes interesses.

Então eu diria que há um desarme intelectual muito grande, que ainda não foi devidamente desarticulado. Há um rombo do setor produtivo que agora observas as reservas como, talvez, a única saída para afundar o país e salvar seu patrimônio e há ainda o drama adicional da dívida interna em particular, um dívida considerável que faz com que uma parte muito pequena da sociedade brasileira tenha ganhos extraordinárias sem produzir um prego sequer, razão pela qual a taxa de juros não baixa e não vai baixar. Porque grande parte dos títulos da dívida pública são remunerados a partir dela. Talvez o capítulo mais trágico e menos visível é que três milhões de trabalhadores que apostaram seu futuro nos chamados fundos de pensão viram que com as perdas bilionárias de empresas que pareciam sólidas, afetou a saúde financeira destes fundos como foi o caso da Sadia e da Previ. Isso mostra que aquela aliança feita em 1994 e 1998 de trocar as privatizações pelo ganho fácil da dívida pública também chegou ao seu limite, portanto, nenhum dos problemas estruturais foram desarmados com as medidas tomadas pelo governo brasileiro e o futuro é incerto e pode se tornar trágico se medidas adicionais não forem tomadas.

P. Na crise dos Estados Unidos o estado aplicou dinheiro para salvar os banqueiros, aqui no Brasil o Lula já deu dinheiro aos bancos e montadoras. Essa gente nunca perde. Quem é que realmente perde na crise?
N. Antes da eclosão da crise o governo brasileiro soltou um pacote para o setor industrial de 75 bilhões de dólares, e ainda na primeira metade do ano um pacote adicional de 2 bilhões para o agronegócio, com isenção de impostos, linhas de crédito favorecidas, recursos consideráveis que somaram 100 bilhões de reais e que se mostrou uma estratégia insuficiente. São recursos do orçamento público e capacidade produtiva do país que é colocada num modelo de acumulação de capital e de desenvolvimento da economia capitalista, extremamente nocivo, regressivo do ponto de vista da renda que limita o mercado interno, que não transforma as empresas brasileiras em multinacionais, não obstante uma ligeira expansão do mercado mundial e que mostra que a estratégia, no essencial está equivocada.

Esta é uma estratégia que consolida uma economia exportadora e, portanto, sacrifica o mercado interno, adia para as calendas gregas qualquer política de distribuição de renda e faz com que a maior parte da população conviva com uma taxa de desemprego altíssima, salários ultra precarizados. É, porque 76% dos assalariados brasileiros ganham até dois salários mínimos, o que gera um mercado interno muito reduzido, razão pela qual os capitais fecham seu ciclo de valorização fora, no estrangeiro. Isso torna o Brasil um país profundamente débil e desigual. Os recursos que o governo está repassando para o setor privado, tanto no campo como na cidade estão longe de tirar o Brasil da crise e apenas se constituem na velha e conhecida socialização dos prejuízos e privatização dos lucros para os mesmos que historicamente governam o país.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Luis Pequeno na luta!

Mucap entrega documento ao presidente da CUT/SC





Esse aí é Luis Pequeno. Artista, poeta, militante, amigo. Está desde há meses vivendo um tenebroso caso de violência no trabalho. E pasmem! Trabalha na Escola Sul da CUT. saiu para exercer um mandato sindical e quando voltou estava na rua. Motivo: ousou ser um lutador contra o assédio moral e a violência no trabalho, denunciou situações vividas ali mesmo na CUT. Agora recebe a paga! Vingança! Que coisa mais feia... Os militantes sociais, sindicalistas de luta e gentes de várias entidades estão na batalha pela reintegração do Luis. Dignidade para quem só se dá para a luta!


Em conversa com o presidente da CUT/SC, quando fomos entregar um documento pedindo a reintegração do trabalhador, recebemos a informação de que a CUT tem a solução para o caso. Não reintegra e recontrata para outro trabalho, com salário pela metade. VERGONHA TOTAL! Se este é o exemplo que a Central dá, a coisa tá muito feia...